O argumento dos campos semânticos, segundo a Ontopsicologia, é a exposição da comunicação-base que precedo não apenas o sentido lógico-dialético entre duas ou mais pessoas, mas também a capacidade de verbalização ou conscientização no âmbito do Eu do sujeito humano.
A visão psicanalítica e filosófica, de um lado, e a física teórica (Einstein – espaço único), de outro, pressupuseram a existência de uma dimensão única universal para todas as relações ou relacionamentos.
Levi-Strauss, reinterpretando Freud, afirmou: “É necessário alcançar a estrutura inconsciente que está na base de toda instituição e de toda usança (as diversas línguas ou sociedades são sistemas de conduta, cada um dos quais é uma projeção das leis universais que regulam a atividade inconsciente do espírito, no plano do pensamento consciente e socializado) para obter um princípio de interpretação válido para outras instituições” 1.
A Escola de Frankfurt, com Gadamer, teorizou que Eu e mundo se aproximam, ou melhor, se apresentam na sua originária congeneridade. “Toda palavra prorrompe como do centro de uma totalidade em virtude da qual somente essa é palavra. Toda palavra faz ressoar a totalidade da língua a quem pertence, e faz aparecer a totalidade da visão do mundo que de tal língua é base.”2
É supérfluo reportar as temáticas de Kant a Husserl; em particular estruturas e processo, formas e vida, ciência e história, teoria e práxis, conhecer o mundo e mudá-lo, são os temas de todas as antinomias de uma tensão que não os exclui se não na medida em que os conecta.
O emergir de toda nova ciência se coloca como uma questão de palavras. As recentes pesquisas aprofundadas em mérito à psicoenergia (psicotrônica, radiônica, campo semântico), conduzidas por eminentes físicos, como o efeito Lamb ou energia livre ao ponto zero, o experimento Kervran, o efeito Kindling de Bearden, as revelações fotográficas de Kirlian etc., demonstram a correlação entre espírito e matéria e as recíprocas influências de caráter físico que delas derivam; o mesmo ocorre para o que diz respeito à alteração eletromagnética de quantum ondulares em referência a pontos específicos do corpo (os mesmos da acupuntura chinesa), através dos quais se verifica a interferência no organismo vivo em sentido psicobiológico3.
Estas aquisições exigem uma revisão progressiva das concepções clássicas, sobretudo sob o estímulo da relatividade universal confirmada em matemática pura por Gödel, em astrofísica por Einstein, em física nuclear por Schrödinger. Chega-se inevitavelmente à concepção de um “hiperespaço” (há tempo familiar nas pesquisas últimas dos mais prestigiados laboratórios científicos), através do qual se pode constatar que cada materialização é identidade sincrônica do psíquico, por isso o físico e o psíquico não são mais do que recíprocos momentos virtuais de uma energia agente universal.
Objeto geral de uma pesquisa psicoterápica é o homem na sua especificidade de atividade psíquica, da qual Freud permanece historicamente o mais válido cientista. Sem entrar no mérito filosófico à metapsicologia freudiana, estou de acordo em repetir: “Daquilo que chamamos psiquismo (ou vida psíquica) duas coisas são conhecidas: antes de tudo o seu órgão somático, o lugar da sua ação, o cérebro (ou sistema nervoso), e secundariamente os nossos atos conscientes dos quais temos direto conhecimento” 4. Em geral, um ato psíquico passa através de duas fases, dos estádios, na primeira fase ele é inconsciente” 5.
Eu apresento a base emocional daquela estrutura total que do próprio silêncio escondido especifica as condutas e as verbalizações de cada indivíduo em diálogo. Descrevo aqui a isotopia unitária do percurso de sentido de causa os signos e os significados.
Ao descrever os processos psicoenergéticos inconscientes, não é fácil poder documentar, em esquemas epistemológicos privados de qualquer atualidade intuitiva, a descoberta que o humano é inserido num vasto circuito processualmente interativo. A visão psicoenergética entende, sobretudo, um activans experimental aqui e agora, mesmo que não seja distinto de qualquer teoria ou gestalt metapsicológica. Ele é antes de todo formal e se denuncia como íntima subjetividade ativa com o máximo de objetividade, isto é, intuição intraduzível para quem está fora da experiência.
A intuição acaba por desaparecer sob os próprios paramentos racionais, mas é fecundada por esta. Carrega consigo um pequeno impulso intuitivo que virá à luz assim que estejam co-presentes determinadas circunstâncias práticas. Então, o activans recomeça. O seu ritmo é diferente a cada vez, surpreendente e rico para as novas relações que produz, mas também para si mesmo.
Psiquismo inconsciente e resistência são as premissas axiomáticas de toda séria pesquisa do profundo humano. No âmbito da resistência pode-se compreender logicamente a remoção; e o sintoma, ou psíquico, enquanto activans, é o processo fenomênico em desenvolvimento contínuo. Irrefreável no próprio em si dinâmico e livre de todo efeito, nem sempre se revela a serviço vital de uma individuação. A topodinâmica do psiquismo é funcional às formas globais da vida: para tal função metaboliza-se através de milhares de individuações. No caso em que uma individuação tenda a negar-se à função da vida universal, inicia a sua eliminação, isto é, o indivíduo humano experimenta a sua vida como neurose ou esquizofrenia, do psíquico ao somático. A sintomatologia clínica, mais ou menos patológica, descreve as urgências psicoenergéticas de remoções resistenciais.
O âmbito processual de qualquer desenvolvimento biopsíquico, segundo a escola ontopsicológica, configura-se como “campos semânticos”. A energia psíquica é força intencional sobre qualquer modalidade do orgânico emotivo e voluntarista; tal intencionalidade pode ser consciente ou inconsciente.
1 LEVI-STRAUSS. Anthopologie stukturale. Paris:1958.
2 GADAMER, H.D. Wahrheit und Methode. Tubingen: 1960.
3 BEARDEN, T.E., ‘Unusual energy and fantastic weapons’, 1976/1977 in Energy unlimited; BEARDEN, T.E., Solution of the fundamental problem of quantum mechanisc, Defense Documentation Center, january 3/77; KERVRAN, L. Biological transmutations, Swan House Publishing Co. Birghamon, NY 1972; KERVRAN, L. Distant intercellular interaction in a system of two tissue cultures, Psycoenergetic system, vol.1, n.3 , march 1979. p.141-142. KERVRAN, L. The many-worlds-interpretations of quantum mechanics, Princeton University press; KERVRAN, L. American journal of physics, vol.43 n.1 , january 1975; TOMPKINS, P. BIRD, C. La vita segreta delle piante. Milão: Sugar-Co, 1975 BEARDEN, T.E. Photon quenching of the paranormal time, Channel: a brief note, Defense documentation center, 10 april 1977.
4 FREUD, S. Abrégé de Psycanalyse. Paris: P.U.F. 1950.
5 FREUD, S. Metapsychology. Paris: Galimard, 1952.
O texto acima é a primeira parte da conferência de Antonio Meneghetti “Síntese científico-prospectiva dos campos semânticos” (1979), publicada integralmente na sua obra Campo Semântico. 3.ed. Recanto Maestro: Ontopsicologica Ed., 2005. pp. 161-164.
domingo, 6 de dezembro de 2009
SÍNTESE CIENTÍFICO-PROSPECTIVA DOS CAMPOS SEMÂNTICOS
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